Introdução
A teologia da prosperidade ganhou popularidade no meio evangélico, prometendo bênçãos materiais, saúde perfeita e sucesso como sinais do favor divino. No entanto, essa corrente teológica se distancia dos fundamentos bíblicos e históricos da fé cristã, especialmente na tradição reformada. Neste artigo, analisamos dez razões para exercer discernimento e cautela diante dessa teologia, à luz das Escrituras e do pensamento reformado.
1. Distorção do Evangelho da Graça
A teologia da prosperidade transforma o evangelho da graça em um evangelho de obras, sugerindo que a prosperidade material é garantida por determinadas ações humanas. No entanto, Efésios 2:8-9 afirma que a salvação é um dom de Deus, não vindo das obras humanas. R.C. Sproul destaca que essa teologia reduz Deus a um “benfeitor cósmico”, contrariando a doutrina reformada da soberania divina.
2. Negação da Soberania Divina
A crença de que é possível manipular Deus para obter bênçãos materiais contradiz a soberania divina. Romanos 9:15-16 enfatiza que Deus age conforme sua própria vontade, reforçando a doutrina da graça soberana, central na teologia reformada.
3. Má Interpretação das Promessas do Antigo Testamento
A teologia da prosperidade usa promessas materiais do Antigo Testamento sem considerar o contexto histórico e teológico. John Piper ensina que as bênçãos materiais dadas a Israel eram tipológicas, apontando para bênçãos espirituais em Cristo.
4. Minimização do Sofrimento e da Cruz
Essa teologia apresenta o sofrimento como estranho à vida cristã, o que contradiz Filipenses 1:29, onde Paulo afirma que o sofrimento é parte da caminhada cristã. Sinclair Ferguson ressalta que a cruz precede a coroa, algo ignorado na teologia da prosperidade.
5. Subversão do Propósito da Oração
A oração se torna um meio de obter riquezas, em vez de um ato de submissão a Deus. O “Pai Nosso” (Mateus 6:9-13) enfatiza a vontade divina e não desejos materiais. Tim Keller ensina que a oração deve alinhar nossa vontade à de Deus.
6. Criação de uma Falsa Medida de Espiritualidade
A prosperidade como sinal de espiritualidade gera divisão na igreja. Kevin DeYoung alerta que essa perspectiva cria uma hierarquia baseada em conquistas materiais, e não na semelhança com Cristo.
7. Deturpação da Natureza de Deus
A teologia da prosperidade retrata Deus como um provedor de conforto material, ignorando sua santidade e propósitos redentores. R.C. Sproul critica essa abordagem, que transforma Deus em um “gênio da lâmpada”, e não no soberano Senhor do universo.
8. Explora os Economicamente Desfavorecidos
Frequentemente, essa teologia induz pessoas a fazerem doações além de suas possibilidades, prometendo riquezas futuras. Calvino, ao comentar 2 Coríntios 9, enfatiza que as ofertas devem ser feitas com alegria e responsabilidade, sem manipulação.
9. Negligência da Ética do Trabalho e Mordomia
A teologia da prosperidade minimiza o valor do trabalho e da administração sábia dos recursos. A tradição reformada ensina que o trabalho é uma vocação divina e que os bens devem ser usados para glorificar a Deus e servir ao próximo.
10. Foco Desviado da Esperança Escatológica
Ao priorizar riquezas terrenas, essa teologia obscurece a esperança na nova criação. John Piper afirma que o maior problema da teologia da prosperidade é que ela promete muito pouco em comparação ao tesouro eterno em Cristo.
Conclusão
A teologia da prosperidade se afasta das Escrituras e da tradição reformada. Os princípios de sola Scriptura e a centralidade de Cristo nos desafiam a:
- Cultivar contentamento em qualquer circunstância (Filipenses 4:11-13), reconhecendo que nossa verdadeira riqueza está em Cristo.
- Exercer mordomia fiel, usando os recursos para o Reino de Deus e o bem do próximo.
Que possamos permanecer fiéis ao evangelho da graça soberana, buscando as riquezas eternas para a glória de Deus – soli Deo gloria.
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Teologia da prosperidade, evangelho da graça, soberania divina, sofrimento cristão, oração bíblica, espiritualidade reformada, Deus soberano, mordomia cristã, esperança escatológica, teologia reformada.